O teu olhar inquietante
Chama como quem grita...
E embelezando o teu semblante
Teus cabelos que o vento agita.
Mas correm ansiosas lágrimas
Perdeu-se o bilhete de ida.
Então restam apenas páginas
De uma vida não vivida.
Será egoísmo contemplar-te
Na hora da desdita?
Mas nem te tenho em parte...
Oh esta força maldita!
Perdoa-me por te querer
E mais ainda por pensar
Que algum dia poderei ter
Teu olhar por mim a gritar...
"Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende da minha subjectividade." Fernando Pessoa
domingo, 23 de dezembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
É hora!
É hora!
De renegar os meus
Correndo a sorrir
Ainda que a fingir
Implorando a algum Deus
Que me leve sem sentir.
A vida deixou de ser
E o chão é de outrem
Tendo céu sem saber
Caio em mim e fico bem.
De renegar os meus
Correndo a sorrir
Ainda que a fingir
Implorando a algum Deus
Que me leve sem sentir.
A vida deixou de ser
E o chão é de outrem
Tendo céu sem saber
Caio em mim e fico bem.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Morreste, morri.
Oh estátua morreste
Sem nunca respirar.
Suspiros não os deste
E não soubeste amar
É certo, não viveste!
Não faria mal tentar...
Segredos não tiveste
Nem a ânsia de chegar
Imóvel permaneceste
Para teu nome honrar.
Num segundo perdeste
A vida a borbulhar
Oh estátua morreste
E a chama apagou-se
Sem nunca começar.
sábado, 6 de outubro de 2012
Palavras para quê
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Quem sou eu quando escrevo
Represento quando escrevo
Sou o que permite o fingimento
No papel apenas relevo
Ao toque efémero pensamento
Que não se deixa tocar.
Um segredo disfarçado
Que não se deixa disfarçar
Pois as pessoas que contenho
Alimentam-se do meu ser
Como me alimento do ar.
Quem sou eu quando escrevo
Às vezes tu, por vezes eu
E antes de soarem palmas
Perguntam quem escreveu
Digo que uma das minhas almas.
domingo, 23 de setembro de 2012
Saudade
Ao pensar porque me esqueço, esqueci-me. Esqueci-me de escrever as palavras que tomaram de assalto a minha mente e, agora, encontro-me perdida, sem rumo, sem qualquer direcção - erro de principiante. Talvez fosse divagar sobre a vida, sobre a solidão, sobre sentimentos... Recordo-me agora, saudade! Queria dedicar estas frases a tão nobre sentimento, que consome e queima por dentro... Que triste contrariedade!
E, assim sendo, ao fechar os olhos, encontro o abraço perdido, uma palavra esquecida que agora renasce, trazendo consigo solidão. Por momentos, o chão evapora-se e a gravidade suga-me; a insegurança de não saber se cairei, faz-me acordar.
Contradigo a natureza das coisas, das palavras e do meu próprio corpo, torturando-me uma vez mais. Por isso, minha cautelosa mente, agradeço-te por te esqueceres; meu querido coração, perdoa-me por recordar.
Encontro-me então.
Procura-me.
Perde-te comigo na escuridão
Reinvento-te na minha mão
Encontro-te em mim.
Encontro-me então.
O que os teus olhos dizem,
As palavras não…
E a chuva que cai
Em mim e não no chão.
Encontro-te em mim…
Encontro-me então.
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