sábado, 12 de janeiro de 2013

Ode aos Sentidos

Cheiro primeiro com os olhos para depois saborear
Percorrendo com as mãos
O que há para tactear.
Ouvir…
Oiço os pássaros e o mar e a chuva a cantar,
E a maré vai e vem… Vai e vem…
Mas oiço a confusão, as pessoas, os passos, os gritos,
Os carros e portas a bater e imploro,
Imploro que alguém os faça parar!
Quero ouvir o silêncio por uma vez,
Ouvir um sorriso, o vento que agita árvores,
E, por fim, mais uma vez, o mar.
Provo o sal dos meus lábios,
Que me transporta para memórias enterradas.
Oh o paladar…
Saborear a doçura da tua pele,
O arroz doce quente, as minhas lágrimas,
Um chocolate a derreter-se devagar…
Sentir…
Sinto com os pés descalços a areia quente do Sol
Com o corpo um abraço, um toque, um choque
Que me faz parar!
Sinto agora com o coração…
E quero correr e correr mas algo me impede de escapar…
Pobre girassol também sente
Sofrendo todo o dia, a olhar e olhar…
Por isso, às vezes não olho.
Oh! Mas como eu adoro
Ver almas de outros, os teus olhos,
O azul do céu que não quer acabar,
E fecho os olhos e ainda o vejo…
Mas ninguém vê sem realmente olhar,
É um sonho, uma mera ilusão para quem quer acreditar…
Inspiro fundo e, sem querer, cheiro a relva húmida,
As flores, os pinheiros, e o teu perfume.
Cada vez que o cheiro sorrio,
Pois sei que estás a chegar.
Assim, hoje sei,
Não preciso de sentir para viver
Preciso de sentir para recordar.

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